quarta-feira, 30 de julho de 2008

O cravo - B.B.M.


Era meados de Abril. Os raios de sol do verão ainda queimavam minha pele, o calor deixava meu corpo sempre aquecido, mas esta estação já estava quase tirando suas prolongadas férias periódicas. O outono estava para chegar. As árvores já tinham começado a enfeitar o chão com suas belas folhas, os cantos dos pássaros eram sinfonias diante de tanta tranquilidade e o vento acariciava toda essa beleza natural. As tardes traziam um doce pôr do sol e, logo após, uma noite silenciosa. Mas esse mês cheirava novidade. Ainda não conseguia distinguir o cheiro. Talvez fosse só as alfazemas de meu jardim, mas havia algo estranho ou, no mínimo, diferente. O aroma era distinto e muito agradável, e tinha a certeza que vinha do meu quintal. Meus olhos brilhavam, mas não conseguir desvendar tal surpresa maravilhosa. Conhecia minuciosamente cada fragrância das plantas que cultivava. Foi então que vi entre as rosas do meu jardim: um cravo. Ele era bastante discreto e tímido então se escondeu com vergonha. Mas suas bochechas rosadas não conseguiriam se ocultar por muito tempo de meus olhares. Não mesmo! O tempo foi se passando e uma amizade sólida e sincera foi se estabelecendo. Sentimentos como: carinho, respeito e consideração foram sendo construídos e a timidez se tornou preterida diante de tanta afinidade. O cravo era simplesmente quem me consolava quando a vida tentava me dá uma rasteira. Docemente, de forma educada, me sedia suas pétalas como lenço de papel. Era um verdadeiro gentleman. Não foi difícil me acostumar com tão adorável companhia. Havia criado até uma certa dependência, pois nele podia confiar. Com ele me sentia livre. Eu era simplesmente: EU. Não precisava esconder minha hiperativida em certos dias (ainda me olhava assustado, mas se divertia com minhas loucuras) e conseguia até mostrar minhas fraquezas, embora quisesse sempre me mostrar como uma fortaleza. Anos de aprendizado se passaram, mas um dia o cravo anunciou sua partida. Como sempre: tentei ser forte. Menti para mim mesmo e aproveitei nossos últimos dias como se o dia da partida jamais fosse chegar. Mas meu lado racional estava ciente de tudo. Era uma oportunidade ímpar de crescimento pessoal e profissional para meu amigo, e cada conquista sua era minha também. Vibrava com suas vitórias. Queria seu sucesso. Meu jardim não é mais o mesmo, mas ainda sinto teu perfume, assim como, todos que compartilharam de sua companhia sentirá. O atencioso cravou marcou minha vida e quando a saudade for tão grande que não couber mais em nossos peitos, simplesmente, um reencontro se fará indispensável. Espero que não demore, pois sinto muita falta de conversar com o amigo cravo. Uma verdadeira amizade nunca esquece!!!

Ass: Mandinha

terça-feira, 15 de julho de 2008

Música


No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no Leblon é quase glacial
Há algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei
Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
Pouco antes de o ocidente se assombrar
By: Cathy

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Leve!


Se carece de definição: me sinto leve!
Brigas e confusões não fazem parte de minha personalidade. Gosto de me sentir leve como um pássaro ou como uma folha que cai suavemente no outono. Ou flutuando como uma pipa no azul único do céu. Ou quem sabe, até caindo docemente como uma bolha de sabão que mesmo em queda não consegue perder sua beleza, refletindo todas as suas cores. A paz é um barco de porto seguro. Com ela nosso semblante torna-se muito mais vistoso, atraente. Além dela nos deixarmos aptos a observar minuciosamente toda a beleza natural desse vasto mundo. A sensação de tranquilidade é uma ferramenta essencial da engrenagem que sustenta minha doce vida. Assim me sinto com a sensibilidade a flor da pele e aproveito todas as coisas boas que me é proporcionado e que deixava passar de forma despercebida. Sinto o vento que insiste em beijar a minha face e que me provoca até arrepios. Da natureza, a todo momento, retiro infinitas fotografias. Estas que possuem uma beleza ímpar e que as guardo no museu de minhas memórias. E por fim, das pessoas, desfruto do melhor que elas podem me dar ou, simplesmente,do que elas me dão, sem cobranças. Seleto o que é bom e abstraiu o que for ruim. O que importa é ser feliz e não deixar apagar o sorriso ingênuo e puro de uma criança.
Enfim, a paz é minha real felicidade!!!
By: Mandinha

sexta-feira, 11 de julho de 2008

... e o que será será...


Quando sentiu o celular vibrar já sabia quem chamava e, por um instante vacilou em pensar se era capaz de se sentir feliz com aquilo ou chatear-se. A verdade é que se ignorasse aquela chamada muitas outras viriam até que finalmente fosse atendida... não sabia ao certo o que fazer, até sentiu saudade dos belos momentos que passaram juntos, do cheiro, do abraço apertado que a envolvia, protege e transmite todo carinho por outra pessoa. Existe até um texto, cujo autor foge da memória, o qual afirma ser o abraço a forma de carinho indicada para manter a saúde, já que é capaz de transmitir energias positivas estimulando o outro.

"Alô?"

depois disso muitas declarações foram arremetidas e percebeu-se que seria mesmo importante se encontrarem, talvez para tirar dúvidas dos reais sentimentos, ou na tentativa de escondê-los, ou até mesmo de abraçar o inesperado e pagar para ver como reagiria. O dever foi comprido e se viram, não como a primeira vez (...) neste primeiro momento nada foi despertado, será a resposta? Muitos assuntos em pauta, coisas em comum, conquistas e objetivos. Uma hora se passou e nenhuma manifestação de carinho, mais conversa. Já não havia mais esperança até os seus lábios se encontrarem! Toda a atenção redobrada tirou o sabor deste, pois afinal, do amor não se espera nada em troca, quando ele acontece, simplesmente acontece. Ficou um sentimento confuso, terá sido a melhor atitude?


Cathy

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pedras no caminho...


Primeiro a despedida, adeuses carregados de sentimentos e emoções, os quais provocam um vazio na alma nunca mais preenchido... uma lacuna no ser. Este passo às escuras sem rumo e direção deixa para trás grandes amores, alegrias e momentos inesquecíveis na companhia de alguém tão querido. Sem motivos aparentes, nem mentiras ou traições os dois corpos se separam e tomam caminhos antagônicos em busca de algo perdido. A rotina estressante de afazeres, leituras e trabalhos mal remunerados acabam por mascarar uma realidade de tristeza que machuca e dilacera um coração repleto de amor que não compreende como pode ter sido incapaz de fazer o outro feliz. Os dois juntos não se somam, nem em dias mais frios e chuvosos cheios de melancolia e solidão, por que em união o sentimento devotado torna-se pequeno diante das falhas, incertezas, incompreensão e medo. O destino revelou amadurecimento e inércia; planejamento e entrega; efemeridade e dor... Outros relacionamentos se fizeram adentrar a vida deste antigo casal. Ela vivenciou apenas bons momentos que passaram, ficando apenas a lembrança. Enquanto ele assumiu novos compromissos ao passo que se entregava nas noites e se escondia atrás de inúmeros copos de bebidas. Enfim, algum tempo passou e muito não foi superado, buscaram um ao outro na tentativa de mudança, mas encontraram mais lágrimas e a incerteza do que os aguardam.
By: Cathy

terça-feira, 8 de julho de 2008

Seu olhar!!!


Era assim que ela o olhava. Havia uma profundidade ímpar. Já fazia algum tempo que ela não lançava esse olhar. Será que novos ventos sopravam? Uma nova estação iniciava e seus olhos cintilavam como duas estrelas radiantes. Motivos? Estes eram bem simples. Um novo aluno tinha entrado em sua turma. Mas não era simplesmente mais um. Era um homem que fazia com que ela tivesse olhos perdidos ao admirá-lo.
Durante cada lição, ela arrumava estratégias para se entregar àqueles lindos olhos verdes. Mas não era somente eles que a prendiam. Ele era dono do sorriso mais gostoso e seu jeitinho intectual tanto a fascinava. De forma minuciosa ela saboreava cada palavra balbuciada por aqueles doces lábios. Aquele homem provocava-lhe múltiplas sensações agradáveis. Seus olhos estavam perdidos, admirá-lo era inevitável.
By: Mandinha

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Suas lacunas!


Ela tinha acabado de chegar na sua terra natal. Suas expectativas se restringia aos familiares, aos grandes amigos de infância e as amizades que havia construído em suas passagens. Também havia na memória as vagas lembranças de uma paixão, mas estas eram bem elusivas.

Logo ao colocar o pé na casa de seu pai algo estranho aconteceu. O seu celular tocou, mas era um toque específico. De forma automática, seus neurotransmissores conduziram a informação. A sua longa agenda telefônica, nesse momento, se reduzia a números restritos. Havia apenas duas alternativas. Ela imediatamente desejou ser uma delas e ao mesmo tempo rezou para não ser. Há muito tempo que não ouvia a voz dessa pessoa e por mais que ela fosse uma mulher autêntica e aventureira não convinha a possibilidade de resgatar um sentimento naturalmente fracassado. O mais provável era ser a segunda opção, pois se referia a uma pessoa constantemente atenciosa consigo. Tudo isso aconteceu em fração de segundos e de forma bastante natural. Entretanto, o improvável aconteceu. Era ele: indivíduo que havia feito seu coração palpitar de forma tão harmoniosa e prazerosa por um longo e intenso verão. Mas já era inverno e muitas coisas mudaram. Ela de forma adequada atendeu-o. O carinho que ela tinha por ele era pra vida toda, embora a paixão não tivesse durado mais que duas estações. Em seguida, quis saber sobre sua vida, essa era uma constante quando se referia a ele, pois o desejo de vê-lo bem era mais forte do que o tempo. Do outro lado da linha havia uma voz triste, tímida, receosa e um pouco amedrontada. Ela se preocupou, mas ele disse que estava normal. Isso já era de se esperar, pois ele era homem de poucas palavras e muitas lacunas. Ela de forma madura não insistiu e continuou o diálogo. Talvez este tenha sido bem atípico. De maneira associativa, logo lembrou-a da música "sinal fechado" de Chico Buarque:
– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E
você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo...
Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus! Não esqueço..
– Adeus!
– Adeus!
A música de Chico talvez represente até um diálogo mais intenso do que o deles. Ele havia ligado com alguma intenção. Qual? Ela se perguntou por algum tempo. Podia ser para pedir desculpa de alguma coisa, ou quem sabe para não perder a amizade, ou...ou. As alternativas aqui são as mais diversas. Ele apenas ligou e rapidamente deixou nas mãos dela a direção da conversa. Ela de forma bastante espontânea conduziu um típico diálogo, contudo não havia uma receptividade de ambas as partes. Simplesmente, ela perguntava e ele respondia de maneira rápida e imprecisa. Não passou de um diálogo vazio, mas ela não suportava mais sua superficialidade e medo. Sua tolerância durou pouquíssimos minutos. Logo, terminou a ligação. O que restou? Apenas suas intermináveis lacunas, mas o passado deixou-a saturada, assim sendo, já não buscava mais respostas para suas tão constantes imprecisões. Ela era uma mulher, entretanto mesmo diante de tanta determinação, o friozinho na barriga após apertar a tecla vermelha de seu celular foi inevitável. Ela vacilou.
By: Mandinha